sábado, 7 de março de 2015

O caráter e a boa índole humana está passando por um processo de decadência absurdamente lamentável. Não foi alguém que me contou, não vi nos jornais, pela TV, não ouvi os vizinhos conversando. Eu vi, eu vejo todos os dias. A forma como o homem trata animais incapazes de pedir alimentos, um teto pra se proteger da chuva, um gole d'água e muito menos capazes de se auto defenderem, só mostra como os corações estão cada vez mais frios.
Há uns 30 dias recebi um pedido de ajuda enquanto tentava doar um gatinho. Uma moça contou que, chegando em casa, viu um homem jogando uma sacola no mato e a sacola miava. Sacola mia? Mia, se dentro dela estiverem sete bebês recém nascidos, de olhinhos fechados ainda. Tão novos e vítimas da maldade. 
Pedi que ela os trouxesse até minha casa. Confesso que relutei antes de decidir ficar com eles. O trabalho que os pequenos dão, é mesmo de um bebê humano. Eles precisam mamar muitas vezes ao dia, precisam ser estimulados a fazerem suas necessidades fisiológicas, atenção total. Multiplique todo esse trabalho por sete...
Quando eles chegaram, era impossível não se derreter de amor. Tão lindo os gatos. Cinco menininhas de três cores e dois meninos rajados. E começa a labuta.
Não se pode dar leite de vaca aos gatinhos, é altamente prejudicial. O ideal é arrumar uma mãezinha de leite, mas na falta, o leite em pó pode ser substituto. Precisa estar na temperatura certa, encontrar a posição adequada para dar de mamar a eles (nunca de barriga para cima, sem deitadinhos, como se fossem mamar na mãe, ou em pé), enfim, uma série de coisas. Nos tornamos mãe, no sentido literal da palavra. Depois faço um post sobre como cuidar de um gatinho recém nascido.
Mesmo que você  dedique todo o seu cuidado e atenção aos filhotes e faça tudo ao seu alcance, infelizmente, a chance dele resistir sem o leite materno é bem pequena. Eles ficam fracos, bastante melindrosos e o pior pode acontecer, sim. O que não quer dizer que seja culpa minha ou sua, por não termos feito o suficiente por eles.
Voltando aos meu sete pequenos, fiz absolutamente t u d o. Acordar de madrugada para dar a mamadeira era o mínimo. Infelizmente, enfraqueceram e hoje, sob meus cuidados, só sobrou uma mocinha. Seus irmãozinhos estão no céu dos gatos <3

Ela tem em torno de 40 dias de vida, tem uma barriga monstruosa de tanto que come e tem melhorado. Come dos patêzinhos de carne, misturado com ração amolecida. Bebe bastante água, como nunca vi um filhote beber. É absurdamente carinhosa, sempre que pode deita em cima do pé da gente ou se contenta só em se esfregar nele. Adora deitar em cima dos chinelos que encontra e todas as pessoas da casa aprenderam a andar descalças, caso ela já os estejam usando de cama.
É incrível como parece que até os gatos mais velhos da casa têm cuidado com ela durante as brincadeiras, são mais delicados e sempre a deixam ganhar.
Ainda não tem um nome, é conhecida como A Gatinha. O nome dela, o futuro adotante é quem terá a honra de escolher. Mas honra mesmo é ter alguém tão frágil e tão forte por perto, tão pequeno de corpo e tão grande de espírito. Com tudo pra ceder ao sofrimento, assim como seus irmãozinhos, mas decidiu que pode ser uma gatinha especial, e eu tenho mais que certeza que ela fará a diferença na vida de alguém.

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